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Cintia Tunger

Trabalha há nove anos em processos de sustentabilidade, gestão estratégica, projetos sociais, voluntariado corporativo/qualidade de vida e auditoria socioambiental. Pós-graduada em Investimento Social Privado pela ESPM, especialista pela FGV e atualmente cursa MBA em Gestão para Sustentabilidade na FIA-USP.

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Felicidade Sustentável

 

Grandes dúvidas sobre a existência humana sempre foram foco de reflexões entre renomados filósofos, teólogos, educadores e pessoas comuns ao longo de toda a História. Mas a pauta sobre o tema “O que é felicidade?” nunca foi tão questionada e profundamente analisada pela sociedade do século XXI.

Todos desejam encontrar respostas plausíveis e coerentes para o tema. Comprovação esta dada a frequência de reportagens de capa sobre o tema direta ou indiretamente. Qual é o sentido da vida? A alma existe? Qual a definição de destino? De onde viemos? O que acontece após a morte? E, mais recentemente, sobre “Como lidar com a Tristeza?”, ambas da revista “Super Interessante”, edições de março e junho de 2013, respectivamente.

Tomando o primeiro caso, a reportagem disserta sobre o sentido da vida. Segundo a ciência, há duas explicações para esta dúvida metafísica. Uma, tradicional, fala que o sentido da vida é a reprodução da espécie, ou seja, gerar descendentes através da preservação e combinação genética. E a outra opinião, que discorda desta afirmação, de que a felicidade não está diretamente ligada à opção de ter ou não filhos.

“Quantos casais você conhece que não têm filhos, não pretendem ter e almejam continuar assim?”

Responsabilidade Corporativa

 

Trazendo a temática para o mundo corporativo, a discussão amplia horizontes ainda mais complexos, pois vemos as empresas admitindo um papel cada vez mais discutível sobre a responsabilidade direta pela felicidade de seu funcionário. Será realmente que o mundo corporativo está ‘preocupado’ com a felicidade do indivíduo? Ou porque talvez a insatisfação no trabalho esteja afetando diretamente os lucros e a improdutividade dos negócios?


Os fatos comprovam: as pessoas estão trabalhando em um ritmo cada vez mais progressivo e desenfreado em prol do bem-estar da família e das aquisições materiais. Acompanhamos empresas se desdobrando na elaboração de metas e processos de redução de custos, repensando e propagando alternativas de consumo inteligente, desenvolvendo mecanismos que agreguem valor à sua cadeia de negócios. Nada contra, mas e o capital humano neste contexto? “No mundo corporativo, presenciamos a implantação de programas que possam melhorar a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar de seus funcionários como ferramentas de gestão, mas será que, de fato, essas ações geram efeitos? São, de fato, eficientes?” Ou podemos interpretar como meros paliativos instantâneos? Será que, em médio ou longo prazos, resultam em seu fim? Ou este deve ser mesmo o processo lógico de gestão? Sim, leitores: o capital humano necessita urgentemente ser repensado em sua essência de vida e propósito sistêmico.


A exemplo dos tradicionais indicadores de performance, não seria interessante que as empresas pudessem se aprofundar e talvez até se apropriar de índices complementares para tais avaliações mandatórias? Um bom ponto de partida pode ser o FIB (Índice de Felicidade Bruta) criado pelo Butão, pequeno país budista vizinho da Índia.

Índice de Felicidade Bruta

 

O termo FIB foi criado pelo rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, em 1972, em resposta às críticas que afirmavam que a economia do seu país crescia miseravelmente. Esta criação assinalou o seu compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país, baseada nos valores espirituais budistas.


Assim como diversos outros valores morais, o conceito de felicidade é baseado em nove eixos, que se desdobram em 33 indicadores: Bem-Estar Psicológico, Saúde, Educação, Uso do Tempo, Cultura, Governança, Meio Ambiente, Padrão de Vida e Vitalidade Comunitária.


A ideia baseia-se no princípio de que “o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana surge quando o desenvolvimento espiritual e o material são simultâneos”.

Enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento têm como objetivo primordial o crescimento econômico, o ministro butanês da Educação, Thakur Powdyel, afirma: “O FIB é uma aspiração, um conjunto de princípios orientadores por meio dos quais estamos navegando rumo a uma sociedade sustentável e equitativa. Acreditamos que o mundo precisa fazer o mesmo antes que seja tarde demais”.


É aquela velha história de que o dinheiro traz felicidade... Alguém discorda?

Premonições? E pensar que tais reflexões partiram de um país oriental baseado na economia estritamente rural e cultura “simplória”. Aí está um grande desafio lançado ao mundo corporativo: o entendimento individual e genuíno do real sentido do labor nas organizações, como parte importante da felicidade do indivíduo.


Temos um longo caminho pela frente!
 

“Traduzindo para o universo pessoal: a fonte da felicidade é interna, espiritual. Está na maneira como vemos, sentimos e processamos os acontecimentos da vida dentro de temas cotidianos que nos rodeiam e não oriunda exclusivamente das satisfações proporcionadas pelo consumo material”
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